Oi, tudo bem?
Te peguei de surpresa, né? É, eu sumi. Mas eu juro que tem uma explicação - mesmo que você não esteja me exigindo nada.
É que eu sofri um bloqueio. Dos grandes. Daqueles que paralisam a gente. Daqueles que nos fazem questionar até nossas intenções ao desenvolver determinada criação. Eu não travei na produção. Travei em colocar no mundo. Tive medo. Mas, em mim, minha escrita nunca foi tão potente e importante. Durante as últimas semanas, escrevi dezenas de textos que, talvez, nunca encontrarão outros olhares.
Você pode se perguntar o que me travou. Eu vou te responder que foi algo imensamente bobo e pequeno. Mas que acessou um lugar de poder em mim e reverberou. No fundo, não é sempre assim?
Voltar aqui é dizer: esse tempo passou. E a cura veio através daquilo que nunca cessou: a escrita.
Conceição Evaristo cunhou o termo “escrevivência”. E, sábia que só, ela não poderia ter criado uma palavra melhor para falar sobre o ato de escrever sobre o que se vive. Nesses dias de bloqueio, tive certeza disso. Como bem disse Ana Holanda:
“A escrita é como água que se espalha e faz aquilo que dói perder o poder de concentração ou destruição”
Escrever sobre meu bloqueio e minhas dores fez com que elas perdessem esse poder. E aí, eu voltei.
Há uns dias, lendo Daniela Arrais, me deparei com a ideia de que a escrita assenta o tumulto do coração.
“Quando a gente se coloca no papel, se entende mais. E ainda dá chance ao outro de nos ver com mais profundidade”
Minha escrita é, sem dúvida, o lugar mais profundo que existe em mim. E, colocá-la no mundo, é assentir que ele me veja pelo meu lugar mais vulnerável. Não, não é fácil. Mas o medo distancia muito a gente. E, em mim, ele vem perdendo espaço (é processo. Lento).
Ontem, um amigo me perguntou como eu conseguia me concentrar pra escrever. E eu achei uma pergunta demasiadamente complexa. Eu só me concentro. Porque, pra mim, a escrita não é uma tarefa a ser riscada na lista. Ela é um transbordamento. É mesmo uma saída de emergência. Não exige hora marcada sempre. Mas exige disposição. O texto nasce. Ele vem. As palavras saem. E podem não ser as melhores combinações de palavras, até. Rosa Montero diz que “quem se dedica a juntar palavras têm mais tendência ao descalabro mental”. Eu concordo com ela. É um grande devaneio.
Nem sempre faz sentido. Nem sempre faz sentir. Mas sempre faz sair algo. Como eu disse, transborda o que não mais cabe e abre espaço pro novo.
Eu escrevi sobre meu bloqueio. Eu escrevi para meu bloqueio. Eu escrevi para e sobre pessoas, situações, sentimentos. E tudo se dissipou ali, nas palavras. O papel me acolheu. E eu sorri de volta.
Esse é só um breve retorno. Mas vou te fazer um convite: escreva. Não precisa ser incrível. Não precisa ser mostrado. Pode ser apenas um experimento. Seu momento. Você com você mesmo. E eu posso te garantir: há um mundo inteiro esperando pra ser explorado. Você não vai encontrar universo melhor que o seu.
Até breve,
Gabi
uma vez li que "escrever é gritar e silêncio" e, desde então, nunca mais parei de usar as palavras escrtas pra gritar.
bem-vinda de volta; já tava fazendo falta! :)
orgulho de você <3